Iniciativa conjunta entre PPG Psicologia Social e Institucional e Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS dá apoio a lideranças comunitárias que trabalham com direitos das mulheres
Um projeto realizado em parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional (PPGPSI) e a Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS (CAP) tem realizado grupos virtuais de apoio a mulheres durante o período de distanciamento social. A iniciativa oferece suporte a Promotoras Legais Populares, lideranças comunitárias envolvidas na orientação, auxílio e acolhida a outras mulheres. A atividade conta com o apoio da Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos e da Casa de Referência da Mulher – Mulheres Mirabal.
O projeto “Clínica feminista na perspectiva da interseccionalidade” surgiu no final do ano passado, com a reunião desses coletivos que já atuavam, individualmente, com as temáticas do ser mulher e do enfrentamento à violência de gênero. A iniciativa tem coordenação compartilhada entre a professora do PPGPSI Simone Paulon e a psicóloga da CAP Marília Jacoby. Elas contam que, originalmente, o projeto de extensão previa atividades de educação permanente destinadas a profissionais que trabalham com mulheres em situação de violência, com o objetivo de qualificar essas redes de atendimento em saúde mental. A criação de grupos de ajuda mútua para mulheres também estava prevista, mas, com a chegada da pandemia, a equipe percebeu a urgência de implantá-los: “Rapidamente, as estatísticas mostravam um aumento expressivo nos índices de violência doméstica, além de um certo desamparo dos agentes envolvidos no processo, já que a rede de assistência inevitavelmente se fragilizou”, contextualiza Simone.
Em função do distanciamento social, os grupos foram criados no meio virtual. A partir do contato com a Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, foi definido o primeiro público a ser atendido: as Promotoras Legais Populares, lideranças comunitárias envolvidas na orientação, auxílio e acolhida a outras mulheres, facilitando o seu acesso à rede de serviços de saúde e assistência, bem como na busca pelos direitos e trâmites judiciais. Marília explica que “essas promotoras se encontram em isolamento social e com dificuldades tanto no âmbito profissional, já que as demandas de atendimento continuam, muitas vezes sem o respaldo da rede formal, como no âmbito pessoal, na medida em que esse contexto tem trazido desafios psíquicos importantes”. O objetivo, assim, é promover saúde mental e minimizar, dentro do possível, os efeitos da pandemia nas mulheres em isolamento e afetadas pela violência doméstica.
Os grupos são pequenos, com no máximo quatro mulheres e duas terapeutas, ou “escutadoras”, e reuniões semanais. Uma das preocupações foi a inclusão digital das participantes: “Temos utilizado chamadas de áudio e vídeo por Whatsapp, porque entendemos que é uma ferramenta digital de acesso mais fácil”, relata Marília. Já foram feitos dois grupos online, atendendo sete promotoras da região da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, e Canoas.
O projeto é composto, além das coordenadoras, por servidoras técnico-administrativas da Clínica, estudantes de pós-graduação e profissionais da rede pública de assistência às mulheres. A intenção é expandir a atuação e criar grupos de apoio com outras mulheres que precisem de acolhida e orientação, uma vez que a equipe já tem recebido demandas por esse auxílio. A iniciativa também disponibiliza, no Facebook e no Instagram, materiais de orientação a mulheres em situação de violência.