“Alguém vai ficar sem atendimento. Isso é fato”. Foi o que disse hoje, em entrevista à Rádio Guaíba o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Ambulâncias do Rio Grande do Sul, Alessandro Rosa, em relação à determinação de que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) passe a prestar socorro a vítimas de acidentes nas BRs 290 (FreeWay, entre Porto Alegre e Osório) e 116, em Guaíba. Com o fim da concessão das rodovias à Triunfo Concepa, os agentes rodoviários passaram a realizar o atendimento do acidente e, dependendo do caso, acionar o Samu da cidade onde ele ocorre.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que assumiu os trechos, socorros médico e mecânico ficarão a cargo do Samu, da Polícia Rodoviária Federal e das seguradoras particulares, sem repasses de verba extra. Segundo Rosa, problemas já recorrentes como a falta de mão obra no Samu, devem se agravar com a nova sistemática. “É um cobertor curto. Se atender à rodovia desassiste a população de dentro de Porto Alegre. Se assistir Porto Alegre, desassiste a rodovia”, disse. Ele ainda completou: “Vai ser atendido. Todo mundo vai ser atendido. Mas não devidamente. Alguém vai ficar sem assistência. Não há condições diante do caos total, da falta de recurso humano e material”, assevera.
O Samu Porto Alegre dispõe hoje 12 ambulâncias de porte básico e três UTIs móveis. “Diante de tantas demandas que tem o Samu Porto Alegre, deixar mais esse trecho da Assis Brasil até a Ilha da Pintada a cargo do Samu Porto Alegre… é óbvio que não vai ter capacidade”, lamenta Rosa.
Nesta quarta-feira, os trabalhadores do Samu se reúnem com vereadores na Câmara Municipal para debater o assunto. “Temos muitos problemas e os problemas não são de hoje. Esse da FreeWay é só mais um. O Dnit, em vez de prever essa situação de desassistência aos usuários da via, deixou acarretar todo esse transtorno”, comentou o dirigente.
A limitação em atendimentos a acidentes já havia sido alertada pelos prefeitos das cidades cortadas pelas rodovias que voltaram para o governo federal. O de Eldorado do Sul, Ernani Gonçalves, por exemplo, encaminhou na semana passada um ofício ao comando da PRF, ao DNIT e à ANTT, informando a falta de condições da Prefeitura em auxiliar nessas situações.