Pelo sétimo mês consecutivo, o Rio Grande do Sul registrou redução no principal indicador de criminalidade do Estado. O número de vítimas de homicídio em maio caiu 29% na comparação com igual período de 2020, passando de 176 para 125. No acumulado desde janeiro, a queda é de 20,2%, com uma soma de 673 óbitos contra os 843 registrados do primeiro ao quinto mês do ano anterior. Em ambos os recortes, o dado atual é o menor desde 2007. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (10/6) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), mostram que o planejamento do RS Seguro é o principal fator para aprofundar as reduções recordes verificadas nos últimos dois anos.O foco territorial aplicado pelo programa, com a concentração de esforços para combate ao crime nos locais onde ele mais se faz presente, impacta na diminuição dos indicadores como um todo. Dos 23 municípios priorizados pelo RS Seguro, 16 municípios fecharam o mês com queda ou estabilidade no número de assassinatos. Oito encerram maio sem nenhum homicídio: Bento Gonçalves, Cachoeirinha, Capão da Canoa, Farroupilha, Ijuí, Lajeado, Rio Grande e Sapucaia do Sul. Em Farroupilha, é o quarto mês consecutivo sem assassinatos na cidade. O indicador está zerado há dois meses em Capão da Canoa e Lajeado.
“Depois de um momento mais acentuado de distanciamento ao longo de 2020 em razão da pandemia da Covid-19, estamos agora em um momento de quase normalidade, com as pessoas já tendo retomado praticamente todas as suas atividades. Mesmo assim, seguimos reduzindo os indicadores. Importante salientar que já havíamos reduzido em 2019 e repetimos o resultado em 2020. Ou seja, estamos no terceiro ano de diminuição, num trabalho constante após a implementação do nosso programa estruturante e transversal, o RS Seguro”, comentou o vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior.
Outro destaque é o município de Alvorada, também integrante do bloco, que apresentou a maior retração de homicídios em maio. O número de assassinatos na cidade caiu de 17, no quinto mês de 2020, para 4, em igual período deste ano, o que representa diminuição de 76% ou 13 vidas preservadas.
O impacto da estratégia também se impõe quando observado o indicador no acumulado de cinco meses. As 10 maiores quedas de homicídio, na comparação de períodos deste ano e do anterior, ocorreram em municípios priorizados pelo programa. Além disso, o conjunto de 23 municípios elencados pelo RS Seguro para monitoramento intensivo pela Gestão de Estatística em Segurança (GESeg) foi responsável por 72,9% da redução de homicídios em todo o Rio Grande do Sul – significa que a cada 10 homicídios a menos, sete deixaram de ocorrer nas cidades priorizadas.
Em Porto Alegre, que lidera o ranking de reduções de homicídios desde o início do ano, o recorde positivo foi mais uma vez quebrado. A comparação do acumulado em cinco meses mostra queda de 18,1% na soma de vítimas de assassinato, de 138 em 2020 para 113 neste ano – o menor total da década. Em maio, houve uma vítima a menos que no mesmo mês de 2020, passando de 27 para 26 (-3,7%).
Conforme o secretário-executivo do programa RS Seguro, delegado Antônio Padilha, o rápido e constante reflexo na redução dos indicadores é resultado da metodologia para acompanhamento contínuo e sistematizado das evidências estatísticas que orientam o foco territorial das ações na ponta de forma integrada. “Sem dúvida nenhuma, uma ação muito bem articulada entre os órgãos de Segurança Pública, e agora também da Administração Penitenciária, juntando os esforços e concentrando as ações estratégicas nessas localidades definidas a partir de análises técnicas e científicas, com métricas muito bem estabelecidas, tem sido um grande diferencial”, afirma Padilha.
Número de latrocínios no RS em maio é o menor da série histórica
Outro crime que apresentou redução recorde em maio no Rio Grande do Sul foi o latrocínio, que atingiu o menor número para o mês em toda a série histórica de contabilização, iniciada em 2002. Foram registrados três casos em todo o Estado, um a menos (-25%) que no mesmo período do ano passado. A comparação com o pico de ocorrências, justamente no primeiro ano do monitoramento, com 16 casos, o dado atual representa uma redução de 81,3%.
Além do alto índice de elucidação, que nos últimos anos tem se mantido entre 80% e 90% dos casos investigados, o aprofundamento na redução de latrocínios está relacionado com a retração também constante nos crimes patrimoniais (leia mais abaixo) como roubo de veículos e ataques a transporte coletivo, geradores dos roubos com morte.
Na leitura acumulada desde janeiro, a soma de latrocínios no Estado também é a menor desde o início da série histórica. O total de delitos em cinco meses baixou de 28, no ano passado, para 25, neste ano, o que representa retração de 10,7%. Frente ao pico de casos entre janeiro e maio, ocorrido em 2016, quando houve 84 roubos com morte, o dado atual significa uma diminuição de 70,2%.
Estado reduz roubos de veículo quase pela metade em maio
Quebra de recorde também foi a marca no monitoramento dos roubos de veículos no Rio Grande do Sul. O número de ocorrências, que em maio do ano passado foi de 719, caiu 47,1%, para 380 registros. É o menor total para o período em toda a série histórica, iniciada em 2002, e apenas quatro casos a mais que a marca mais baixa já verificada no intervalo de um mês desde o início da contabilização – em novembro do ano passado.
Na comparação com o pior momento já vivenciado pelos condutores gaúchos, em 2017, quando o número de veículos levados por assaltantes só no mês de maio chegou a 1.517, o dado atual representa uma redução de 75%.
O acumulado de roubos de veículos entre janeiro e maio também caiu neste ano para a menor soma desde que a SSP começou a contabilizar esse tipo de crime no RS. Foram 2.312 casos, 44,9% menos que os 4.195 registrados nos cinco primeiros meses do ano passado.
O roubo de veículos é um dos indicadores permanentes do foco territorial da GESeg no RS Seguro, o que também garante acompanhamento intensivo nos municípios que concentram a maior parte desse tipo de crime e repercute na queda no âmbito geral do Estado.
Porto Alegre, por exemplo, foi responsável por 55% da redução verificada em todo o Estado em maio. Dos 339 casos a menos no RS, 187 deixaram de ocorrer na Capital. A cidade teve 155 roubos de veículos no mês, o que representa retração de 54,7% em relação aos 342 registros de igual período no ano anterior e é o menor total desde 2012.
Entre janeiro e maio, o resultado também é de redução recorde de roubos de veículo em Porto Alegre. Os cinco meses somam 940 casos, o que corresponde a 46,9% menos que as 1.771 ocorrências do tipo em igual período de 2020 e também é o menor total na série histórica.
Ataques a banco e a transporte coletivo atingem menor nível já verificado em maio
Nos crimes patrimoniais, os indicadores de maio também alcançaram reduções inéditas entre os ataques a banco e os roubos a transporte coletivo no Rio Grande do Sul, na comparação com igual mês de 2020. Os delitos contra estabelecimentos financeiros, na soma de roubos e furtos, baixaram de oito para cinco (-37,5%).
Os assaltos a usuários e profissionais do transporte coletivo diminuíram de 102 para 80 (-21,6%). Em ambos os casos, os números deste ano são os menores para o mês na série de contagem em separado destes tipos de crime, iniciada em 2012.
Em relação aos ataques a banco, o resultado de maio ajudou a encolher a alta verificada no cenário acumulado. Entre janeiro e maio, o RS soma 27 casos, quatro a mais que em igual período do ano passado, o que representa alta de 17,4% (até abril, esse índice estava em 46,7%, puxado pelo aumento pontual em ocorrências de furto naquele mês). O dado atual é o segundo menor para o período na série de contagem.
Já nos roubos a transporte coletivo, os registros acumulados entre janeiro e maio estão em queda na comparação com o mesmo intervalo de 2020. O Estado soma 503 casos frente aos 544 do ano anterior, uma baixa de 7,5% e o mais baixo total em cinco meses desde o início do monitoramento.
Maio encerra com um feminicídio a mais que em 2020
O crime contra a vida que ainda apresenta resistência em reduzir no Estado é o assassinato de mulheres em razão de gênero. Maio encerrou com oito feminicídios, um a mais que no mesmo mês do ano passado (14,3%). No acumulado desde janeiro, contudo, o Estado ainda mantém redução nesse tipo de crime, com 42 casos, um a menos na comparação com igual intervalo de 2020 (-2,3%).
Os dados reforçam a necessidade de ampliar na sociedade gaúcha o engajamento por uma mudança de cultura de proteção, que valorize o respeito e a igualdade às mulheres em todos os âmbitos. Além disso, destacam a importância de que as denúncias sejam levadas às autoridades para adoção de medidas preventivas, uma vez que o feminicídio é o ponto final de um ciclo de violência prolongado, do qual a maioria das vítimas não consegue se libertar sem ajuda. Por isso, é fundamental que familiares, amigos, vizinhos e mesmo desconhecidos denunciem qualquer suspeita de abuso.
A Polícia Civil disponibiliza um número de WhatsApp (51 – 984440606) e também é possível fazer o relato no Denúncia Digital 181, no site da SSP, ou pelo Disque Denúncia 181. Para situações de violência que exijam intervenção imediata, o canal de emergência é o 190 da Brigada Militar. Em todos os casos, o anonimato é garantido.
Nos demais crimes de violência contra a mulher monitorados pela SSP, tanto os dados de maio quanto do acumulado desde janeiro mostram menos registros na comparação com 2020. O destaque são as tentativas de feminicídio, com uma queda de 74,8% no mês, passando de 31 registros para oito.