Considerado extremamente importante e com resultados satisfatórios para orientar a gestão da tropa, o 1º Censo da Brigada Militar teve seus dados quantitativos finalizados e divulgados nesta sexta-feira (18/12). O estudo, pioneiro entre as Polícias Militares do Brasil, teve como objetivo conhecer o perfil da família Brigadiana, a fim de fomentar e induzir políticas públicas e assistenciais para melhoria das condições de trabalho, qualidade de vida e valorização profissional. Ao todo, 17.952 pessoas participaram da pesquisa, o que corresponde a 100% do contingente da corporação.
O projeto foi dividido em três etapas, seguindo um sistema censitário, com metodologia semelhante à do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A primeira, tratou do desenvolvimento do estudo e dos métodos de aplicação. Após, coletas de informações foram realizadas em todos os quartéis da Brigada Militar no Estado, entre os dias 1º de setembro e 23 de outubro. Por fim, uma análise criteriosa das respostas foi executada.
“O 1º Censo da Brigada Militar surge da imperiosa demanda de termos dados confiáveis sobre os recursos humanos, muito além dos números. Ultrapassa as questões quantitativas e abarca informações familiares, socioeconômicas, de vitimização, vulnerabilidade e, sobretudo, das necessidades da tropa”, ressaltou o Diretor Administrativo Interino e responsável pelo desenvolvimento do projeto, tenente-coronel Márcio de Azevedo Gonçalves.
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Rodrigo Mohr Picon, também enfatizou o trabalho realizado pelo Departamento Administrativo, destacando-o como fundamental para a gestão adequada da Instituição.
“Ninguém pode se denominar comandante se não conhece a sua tropa, se não sabe de suas necessidades, se não dialoga. Por mais de 30 anos trabalhei nos vários níveis de comando e, na medida em que o efetivo sob minha responsabilidade aumentava, diminuía a possibilidade de conhecer estes homens e mulheres. O 1º Censo da Brigada Militar foi justamente o meio encontrado para que possamos conhecer os quase 18 mil servidores sob meu comando. O Departamento Administrativo, sob direção do tenente-coronel Gonçalves, realizou esse trabalho trazendo à tona quem é a nossa tropa, o que pensa, o que carece, nos indicando quais os caminhos que devemos tomar para oferecer o melhor para esses homens e mulheres que diariamente arriscam suas vidas na proteção da sociedade gaúcha”, pontuou.
Dados obtidos
De acordo com a análise, 84% da tropa é composta por homens e outros 16%, por mulheres. Destes quase 18 mil integrantes, 80,1% se autodeclararam brancos, enquanto 19,7% disseram ser negros ou pardos (índice superior ao da população negra no Rio Grande do Sul, que é de 17,3%, segundo aponta o IBGE). O restante está dividido entre amarelos e indígenas (0,1% cada). Outro dado relevante é que a Brigada Militar não tem somente gaúchos na tropa. Conforme o estudo, 5% dos policiais miliares são naturais de outros 25 Estados e do Distrito Federal – apenas Roraima não tem representantes na tropa –, o que representa 840 pessoas.
Em relação ao contentamento com a Instituição, a grande maioria disse estar satisfeita com a jornada de trabalho (74,6%), assim como com o salário recebido (58%). No entanto, um total de 77% dos respondentes expressou estar insatisfeito ou muito insatisfeito quanto ao plano de carreira atual. Ainda assim, o índice de reconhecimento da Brigada Militar segue alto, com 11.489 (64%) servidores afirmando se sentirem valorizados.
O estudo também abordou o vínculo dos Policiais Militares e servidores civis da Instituição. A grande maioria do contingente é de soldados (12.385), seguido por 2º sargentos (1.814) e alunos-soldados (893) – a formatura da maior parte desses novos PMs será realizada no dia 21/12. Os resultados da análise também revelaram que 67% da tropa possui até 15 anos de serviço e que 77% pretendem seguir atuando futuramente na Brigada Militar.
Entre os dados analisados, a pesquisa ainda avaliou da rotina operacional de seus integrantes. Para isso, os questionou quanto às situações delicadas no ambiente de trabalho. Cerca de 6.894 (38,4%) afirmaram ter sofrido agressão física e/ou psicológica durante o serviço ou na folga. Outros 9.694 (54%) também disseram já ter sido vítimas de ameaças enquanto realizavam funções militares ou no período de descanso. Além disso, mais da metade da tropa (56,2%) já se envolveu em confronto armado e 46,5% foram feridos durante o atendimento de alguma ocorrência.
“Não buscamos apenas elogios, queríamos sobretudo as críticas. Elas nos fazem olhar para dentro e, quando analisadas de forma madura, nos fazem crescer. Temos de trabalhar, melhorar, ouvir as pessoas, especialistas e a sociedade. O que nos resta agora é estudar o censo, entender nossas forças, mitigar nossas fraquezas, ouvir cada vez mais os brigadianos e, em ato contínuo, propor, fomentar e induzir políticas públicas de valorização profissional e melhoria da qualidade de vida”, conclui o tenente-coronel Gonçalves.
Agora, a Brigada Militar irá analisar os dados do censo, publicar a pesquisa qualitativa e integrá-los com o sistema de Recursos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul (RHE). A Instituição ainda planeja desenvolver, seguindo os mesmos padrões utilizados nesta edição do projeto, o Censo do efetivo da Reserva Remunerada, que buscará integração com a prova de vida anual.
Clique aqui para baixar o PDF (.pdf 1,05 MBytes) do sumário executivo dos resultados do 1º Censo da Brigada Militar. O estudo também estará disponível em menu específico no site da instituição em breve e, a cada dois anos, será atualizado.
Texto: Guilherme Maia/Estagiário BM
Edição: Carlos Ismael Moreira/SSP