Uma missão internacional de emergência promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em parceria com a Secretaria da Cultura (Sedac) e o Ministério da Cultura (MinC), vai percorrer diversas instituições culturais gaúchas afetadas pelas enchentes a fim de avaliar os danos em bens e arquivos e apoiar a recuperação de acervos e coleções. O ato de lançamento ocorreu nesta quarta-feira (10/7), no Palácio Piratini.
Compõem a missão a arqueóloga Andrea Richards, de Barbados, e o socorrista cultural Samuel Franco, da Guatemala, que permanecerão no Estado até 19 de julho. As ações serão executadas ao longo do ano, devendo ser concluídas em dezembro. Os trabalhos contam com recursos do Fundo de Emergência do Patrimônio da Unesco, um fundo multidoadores que visa proteger a cultura em situações de emergência.
“É muito importante manter vivos os elementos culturais, que são fundamentais para a nossa identidade e geram senso de pertencimento, que é tão essencial, inclusive em momentos de crise como os que passamos. É muito bem-vinda essa parceria com a Unesco”, afirmou o governador Eduardo Leite no ato de lançamento.
Os especialistas realizarão reuniões e visitas em diversos equipamentos culturais, como bibliotecas, museus e arquivos, tanto em Porto Alegre quanto no interior do Estado, em Igrejinha, Muçum e São Leopoldo. As visitas incluem o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e o arquivo das secretarias da Educação, da Saúde e de Obras Públicas, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), além de instituições federais e municipais.
“Já foram feitos levantamentos e, a partir de agora, os especialistas se debruçam com ainda mais detalhes sobre cada um dos itens e sobre as necessidades e os melhores processos e técnicas que podem ser implementados para fazer a recuperação desse acervo. O Estado já realizou algumas ações importantes, como a doação, pelo Banrisul, de R$ 15 milhões para viabilizar a recuperação das instituições afetadas pelas enchentes. Continuaremos mobilizando outros recursos para poder dar todo o suporte às medidas de recuperação desse acervo”, acrescentou Leite.
“A Unesco já atuou em emergências no Haiti, no Nepal, na Namíbia e no Paquistão, entre outros países. Estamos trazendo essa expertise e especialistas que possam apoiar o Rio Grande do Sul nesse esforço. Técnicos do mundo todo vão auxiliar nesse processo. Esperamos que a missão possa fazer uma avaliação detalhada da situação do patrimônio após a inundação, propor ações para o resgate e a recuperação dos arquivos, itens, coleções e acervos e também ajudar na preparação para emergências futuras”, afirmou a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
Pela Unesco, também estiveram presentes a coordenadora do Setor de Cultura, Isabel de Paula, a Oficial de Projetos, Mariana Salvadori, e a consultora Eneida Braga.
“Fizemos inúmeras viagens às cidades afetadas e temos um levantamento da situação dos equipamentos culturais. Com essas informações, poderemos facilitar o trabalho da Unesco. Nossa equipe está à disposição para acompanhar os especialistas. Além disso, estamos desenvolvendo políticas públicas e lançaremos editais que poderão apoiar os municípios que tiveram equipamentos culturais danificados”, ressaltou a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Representando o MinC, participou do lançamento o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Rafael Pavan dos Passos.
Apoio às instituições atingidas
A iniciativa tem como objetivo assessorar os municípios e instituições na recuperação de danos causados pelo desastre que atingiu o Rio Grande do Sul.
Entre as ações que serão desenvolvidas até o fim do ano, estão oficinas on-line de apoio à capacitação das comunidades locais para o resgate e a recuperação de itens de acervo, arquivos de museus e outros equipamentos culturais, bem como a criação de um manual rápido com esses conteúdos para ampla divulgação e consulta.
A missão promoverá a troca de ideias e o compartilhamento de experiências entre a comunidade local e os especialistas internacionais, que já atuaram em diversas emergências culturais ao redor do mundo. Andrea Richards apoiou a gestão de crise em contextos de emergências culturais causadas pela mudança climática, assim como decorrentes do ciclone Freddy, no Malaui; do furacão Lisa, em Belize; do furacão Maria, na Ilha de Dominica; e do furacão Irma, nas Ilhas de Antígua e Barbuda.
Samuel Franco, que já atuou em emergências culturais em diversos continentes, é presidente do Conselho Internacional de Museus (Icom) Guatemala, presidiu o Icom América Latina e Caribe e é membro do Comitê Permanente do Icom para Gestão de Riscos de Desastres.
Profissionais brasileiros também vão colaborar com a missão. Entre eles, estão Eneida Braga, especialista em gestão pública com foco em museus e equipamentos culturais e com grande experiência na defesa dos interesses dos museus brasileiros; e Janaína Hirata, especialista em Educação e Gênero, com graduação em Psicologia Social, mestrado em Educação e Desenvolvimento Internacional e uma vasta experiência em contextos de crises prolongadas.
Texto: Douglas Carvalho/Ascom Sedac e Juliana Dias/Secom
Edição: Camila Cargnelutti/Secom