Ainda sob impacto da pandemia da Covid-19, as exportações da indústria gaúcha, que somaram US$ 775,7 milhões em maio, voltaram a recuar fortemente em relação ao mesmo mês de 2019: 26,7%, o pior resultado nos últimos 15 anos. Em abril, a queda havia sido de 14,7%. “A crise provocada pelo coronavírus apenas acentuou os problemas que os exportadores gaúchos já vinham sofrendo desde o ano passado, por conta da retração nas compras de parceiros comerciais importantes como Estados Unidos e Argentina. As consequências dessa pandemia para as nossas vendas externas são ainda incalculáveis”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry. Dos 23 setores da indústria de transformação que registraram algum embarque no mês, 20 apresentaram queda na comparação mensal.
O setor de Veículos automotores (-62,4%) ainda sofre com a crise, tanto pelo lado da oferta quanto pela menor demanda em função da crise do coronavírus. Celulose e Papel registrou queda de 59%. Colaborou para isso a menor demanda da China, que reduziu as compras em mais de 81%. Já Couro e calçados (-49,4%) e Máquinas e equipamentos (-45,5%) sofrem com a redução do volume de encomendas dos EUA, que caíram 34% no período.
O resultado das exportações para o Rio Grande do Sul só não foi pior porque novamente o setor de Alimentos aliviou a oitava queda consecutiva das vendas externas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, ainda sustentado pela maior demanda chinesa (+217,2%). O crescimento do setor alimentício (23,3%) continua sendo puxado pelos embarques de Carne de frango in natura (+23,1%) e Carne de suíno in natura (+104,8%). Juntam-se à China sob essa base de comparação Vietnã e Coreia do Sul, com aumento da demanda, porém em menor intensidade.
ACUMULADO – De janeiro a maio, as exportações industriais atingiram US$ 3,9 bilhões no Rio Grande do Sul, com queda de 24,1% em relação ao mesmo período de 2019. Mesmo com a tímida recuperação das exportações da indústria para China no período (+0,8%), possibilitada pelos números positivos do último bimestre, os menores embarques da indústria gaúcha, tanto para os EUA (-27,2%) quanto para Argentina (-21,6%) no período ainda refletem os impactos da pandemia para o comércio exterior.
Nas importações, o Estado adquiriu US$ 424,8 milhões em mercadorias, com queda de 36% ante maio do ano passado, a segunda maior do ano (em fevereiro, a queda foi mais expressiva, de 45,4%). No mês, todas as categorias econômicas caíram puxadas pelas menores compras de bens manufaturados. No acumulado do ano, o RS importou US$ 2,6 bilhões, representando uma queda de 24,9% em relação ao mesmo período de 2019.