Infelizmente, de modo geral, percebemos que baixou muito o amor à Pátria. Provavelmente, por culpa dos próprios políticos que não honraram a nobre missão de zelar pelo bem comum, deixando-se corromper por interesses corporativos ou buscando seus próprios interesses econômicos, esquecendo a realidade sofrida do povo.
Neste ano temos eleições municipais, oportunidade para exercermos nossa cidadania de forma consciente. Pátria tem muito a ver com política. A atual situação de vulnerabilidade provocada pela pandemia exige ainda mais cuidado de todos.
Os bispos em 2018, diziam: “nas eleições, não se deve abrir mão de princípios éticos e de dispositivos legais, como o valor e a importância do voto, embora este não esgote o exercício da cidadania. É fundamental conhecer e avaliar as propostas e a vida dos candidatos, procurando identificar com clareza os interesses subjacentes a cada candidatura”.
Algumas orientações práticas para estas eleições em nossa Diocese:
- A Igreja Católica não tem partido político e nem candidato próprio, mas tem a missão de iluminar a vida das pessoas e sua missão com a luz do Evangelho e dos valores do Reino de Deus. Para ela, a política é a forma mais perfeita de caridade.
- O leigo católico, tem direito de fazer suas opções políticas e inclusive concorrer a cargos públicos como forma de participação na construção de uma sociedade sempre mais justa e fraterna.
- Durante a campanha eleitoral, peço aos candidatos católicos que exercem ofícios específicos junto às comunidades, por prudência, na medida do possível, os suspendam.
- Não é permitido apresentar nomes de candidatos dentro da igreja/templo.
- Pode-se promover – nos espaços comuns das comunidades – a reflexão sobre temas relevantes ao bem comum com participação dos candidatos, desde que se dê a possibilidade de participação a todos os partidos.
- Não é permitido aceitar qualquer tipo de doação por parte dos candidatos que possa ter conotação de privilégio em função de favorecimento eleitoral.
- Sugerimos aos candidatos procurar seus párocos para um diálogo franco e receber orientações sobre sua participação na comunidade nesse período.
- As comunidades incentivem seus membros a apresentarem sua candidatura segundo o espírito da Doutrina Social da Igreja.
- De modo algum, o católico pode utilizar seu voto como objeto de troca pessoal, ciente que a compra de voto é crime e deve ser denunciado.
- Bom lembrar que as leis da “ficha limpa” e de “combate a corrupção eleitoral” devem nortear tanto a ação dos candidatos como dos eleitores.
Mais do que nunca, essas eleições passam pelo caminho da internet. Pedimos muita atenção e alertamos para o cuidado com as “Fake News” (as falsas notícias). Não se deixem enganar. É sempre bom verificar as fontes.
Não esqueçamos que não podemos ser bons cristãos sem sermos bons cidadãos. Não esqueçamos, também, que voto bom é o voto consciente.
Para refletir:
Alimento dentro de mim o amor pela Pátria, entendida com o conjunto de realidades do povo brasileiro? Como se manifesta? Rezo pelos governantes para que sejam iluminados no seu serviço de governar? Sinto-me parte dessa rica nação? Como posso contribuir para o desenvolvimento e bem-estar de toda a população?
Textos bíblicos: Ez 33, 7-9; Rm 13, 8-10; Mt 18, 15-20; Sl94
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório