Biólogo gaúcho recebe maior prêmio mundial de conservação por projeto de proteção à espécie de botos, em risco de extinção

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Todos os anos o Whitley Fund for Nature (WFN), do Reino Unido, escolhe pesquisadores que se destacaram por seu trabalho científico para a conservação da biodiversidade em países do Hemisfério Sul. Os escolhidos são homenageados com o Whitley Award, considerado o maior prêmio mundial da área ambiental, e através dele, recebem financiamento para seus projetos. Em 2021, entre os sete ganhadores está o brasileiro Pedro Fruet.

O biólogo gaúcho, de 40 anos, é co-fundador da organização não-governamental Kaosa, que tem entre seus projetos, a conservação dos botos-de-Lahille, no Estuário da Lagoa dos Patos e águas adjacentes, no Rio Grande do Sul.

O local abriga o maior número de botos da espécie Tursiops truncatus gephyreus no país. Estima-se que sejam 90 indivíduos vivendo naquela área. E aproximadamente 600 na vida selvagem, entre Brasil, Uruguai e Argentina. Por esta razão, ela é considerada como em perigo de extinção.

 

Biólogo gaúcho recebe maior prêmio mundial de conservação por projeto de proteção aos botos

São cerca de 90 botos que vivem no Estuário da Lagoa dos Patos

Os botos sofrem principalmente com a captura incidental em redes de pesca. Para proteger a espécie, em 2012, foi criada uma zona de proteção para a espécie no Estuário da Lagoa dos Patos, entretanto, Fruet acredita que a falta de comunicação na implementação da área de preservação e a dependência cada vez maior da pesca para a geração de renda pela comunidade local não conseguiu reduzir as capturas incidentais.

O projeto apresentado pelo biólogo brasileiro ao Whitley Fund for Nature, e que receberá o financiamento no valor de 40 mil libras, quase 300 mil reais, será realizado em conjunto com o Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande.

“O projeto visa dar continuidade ao monitoramento da espécie que vem ocorrendo desde 1974 pelo Museu Oceanográfico para avaliar se ela está estável, declinando ou crescendo em números. Além disso, busca aprender mais sobre seus padrões de mortalidade e questão reprodutiva, quantos filhotes nascem por ano, por exemplo. Queremos analisar todos esses parâmetros frente as adversidades que existem e são impostas pelo homem”, afirmou Fruet, em entrevista ao Conexão Planeta.

O biólogo revela ainda que o projeto fará uma avaliação de como a zona de proteção à espécie impacta o trabalho dos pescadores. “Queremos fazer um acompanhamento social dessa norma porque ela não é efetiva. Os pescadores continuam pescando e os botos continuam morrendo presos nas redes de pesca. Nossa ideia é trazer todo mundo para dentro do processo e discutir formas para que se possa reduzir a captura dos animais e também permitir que os pescadores possam desenvolver suas atividades”.

Biólogo gaúcho recebe maior prêmio mundial de conservação por projeto de proteção aos botos

A espécie é encontrada na costa do Brasil, Uruguai e Argentina

Uma das ferramentas que será desenvolvida pelo projeto é um aplicativo para que moradores possam denunciar a pesca ilegal. Também haverá treinamento de alguns grupos, como professores e pessoas que lidam com o turismo, sobre a conscientização da importância da preservação das zonas costeiras e marinhas.

“Se conseguirmos tornar efetiva esta zona de proteção conseguiremos conservar muitas outras espécies que ocorrem aqui, não apenas os botos. O estuário é fonte da vida para toda região costeira, é onde se desenvolvem várias espécies de peixes e crustáceos”, acredita.

Biólogo gaúcho recebe maior prêmio mundial de conservação por projeto de proteção aos botos

Este ano, por causa da pandemia, a entrega do Whitley Awards foi feita de maneira virtual. Os premiados foram anunciados durante uma live e receberam uma mensagem gravada de um dos maiores naturalistas do mundo, o britânico David Attenborough.

“Os vencedores do prêmio Whitley são heróis ambientais locais, aproveitando o melhor da ciência disponível e liderando projetos com paixão. Admiro sua coragem, seu compromisso e sua capacidade de influenciar a mudança. Existem poucos trabalhos mais importantes do que os deles”, destacou.

Em 2020, duas pesquisadoras brasileiras também ganharam o Whitley Award. Patrícia Medici pelo seu trabalho pela anta e Gabriela Cabral pelas pesquisas com o mico-leão-preto. As duas fazem parte da equipe do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas.

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