O tema da Campanha da Fraternidade de 2020: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e com lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” chamam nossa atenção sobre a necessidade de sensibilização para o cuidado com a vida em todas as dimensões e assumir o compromisso de defende-la lá onde sofre ameaças.
Vivemos um tempo onde, se por um lado há maior consciência e respeito pela vida e a dignidade do ser humano, por outro existem formas de violência e abusos nunca vistos: uma indiferença globalizada que precisa ser superada.
O texto bíblico inspirador da campanha deste ano – Lc 10, 25-37 – não deixa dúvidas sobre os destinatários do amor cristão: todos os caídos ao longo do nosso caminho. A Campanha da Fraternidade deseja ajudar-nos a abrir os olhos, as mãos e o coração para a revolução do cuidado: “Permita o Bom Deus que cada pessoa, grupo pastoral, movimento, associação, Igreja Particular, enfim, o Brasil inteiro, motivado pela Campanha da Fraternidade, possa ver fortalecida a revolução do cuidado, do zelo, da preocupação mútua e, portanto, da fraternidade… Muito mais pode ser feito quando o coração se abre para o intercâmbio do cuidado”.
As Campanhas da Fraternidade têm como objetivo ajudar a tomar consciência, não somente dos católicos, mas de todas as pessoas de boa vontade, de gritos que clamam por socorro. Esta de 2020 quer ser uma resposta às ameaças e investidas contra a vida humana desde sua concepção até o seu declinar. Da fome e sofrimento das pessoas e do próprio planeta.
A revolução do cuidado não se faz com teorias bonitas e sim com atitudes concretas de compaixão, aproximação e cuidado dos que clamam por solidariedade. Como diz o papa Francisco: “Ser capazes de sentir compaixão: essa é a chave. Essa é a nossa chave. Se diante de uma pessoa necessitada, você não sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensibilidade egoística. A capacidade de compaixão se tornou a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus”.
A revolução do cuidado somente acontece se formos capazes de compaixão, de conversão do coração, de tomarmos uma decisão: AMAR. Lia nestes dias: “o amor não é sentimento, mas uma decisão”. Fiquei imaginando quanto o mundo seria melhor se todos compreendêssemos isso e tomássemos essa decisão. Ninguém ficaria sem cuidado. Essa é a revolução que o mundo precisa.
Decidir amar é condição para não parar no meio do caminho ou desistir diante dos desafios e dificuldades. Entremos nesse grupo dos revolucionários do cuidado: das pessoas que decidiram AMAR.
Para refletir:
A quaresma nos prepara para a Páscoa. O que me proponho fazer para tanto? CF 2020 nos convida a cuidar dos caídos ao longo do caminho. Como posso crescer nesse sentido? A decisão de AMAR já se deu dentro de mim?
Textos bíblicos: Gn 12, 1-4; 2Tm 1,8-10; Mt 17,1-9; Sl 32(33).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório