A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Canoas, deflagrou a Operação Miragem nesta quinta-feira (01). Com seis meses de investigação, a operação teve como objetivo combater uma organização criminosa atuante em roubos e furtos de veículos e arrombamentos a caixas eletrônicos.
Durante as ações desta manhã, desencadeadas em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Cachoeirinha, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e 12 pessoas foram presas. Além das prisões, também foram apreendidas quatro armas de fogos, celulares, cédulas manchadas, além de diversos outros objetos de prova.
As investigações iniciaram em 30 de Janeiro de 2019, com a prisão em flagrante de duas pessoas por receptação e posse ilegal de arma de fogo. Nessa data, foram apreendidos jammers, rádios HT para monitorar a frequência da Brigada Militar, diversas placas clonadas e um revólver calibre 38, utilizado nos roubos de veículos. Ainda na ocasião, foram recuperados cinco veículos, sendo dois carros roubados e uma moto roubada, além de duas motos com suspeita de estarem adulteradas.
Segundo o delegado Thiago Lacerda, a partir desta investigação, revelou-se que os indivíduos integravam organização criminosa que estaria atuando em diversos roubos de veículos, principalmente nas cidades de São Leopoldo, Canoas, Cachoeirinha e Porto Alegre.
“O grupo agia em grande escala, realizando encomendas de veículos, detinham metas e pagamentos semanais aos que praticavam os roubos, além de atuarem no planejamento de investidas contra caixas eletrônicos. As investigações apontaram ainda que o líder da organização detinha acesso ao sistema restrito Consultas Integradas e realizava consultas em todos os níveis de acesso de pessoas e veículos para fins de realizações das clonagens”, contou Lacerda.
Uma auditoria apontou condutas suspeitas com relação a acessos ao sistema de informação por parte de um policial militar. Essas situações serão apuradas com a corregedoria da Brigada Militar.
As investigações identificaram ainda diversos escalões da organização criminosa:
– Líder (realizava as encomendas – consultas nos sistemas – pagamentos semanais – estipulava metas e dava comandos aos subordinados);
– Ladrões/puxadores (realizavam os roubos de veículos desembarcando dos mesmos e abordando as vítimas);
– Receptadores de objetos pessoais de vítimas (receptavam bolsas de marca, celulares roubados, laptops e objetos que possuíam valor econômico);
– Receptadores de pneus e estepes (receptavam e encomendavam os pneus e estepes dos veículos roubados, pagando de 200 a 300 reais);
– Receptadores de veículos (receptavam os carros roubados e já clonados);
– Clonadores (responsáveis pela confecção das placas nos veículos para clonagem e adulteração de vidros);
– Apoiadores (responsáveis por fornecer suporte de munição, negociação de armas, locais para esconderijo do grupo, além de outras tarefas).
Conforme o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, delegado Regional Mario Souza, essa é uma ação que atinge o cerne dessa organização, sendo muito representativa contra o crime organizado. “Além das divisões de tarefas e organização empresarial, essa organização criminosa possuía um grupo diferenciado de receptadores e forma de distribuição dos veículos roubados, com receptação de veículos, de estepes e inclusive de objetos pessoais”, salientou Souza.
Jorge Felipe
Michel Fontana