O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) declarou neste sábado (24/7), por meio de comunicado, transmissão comunitária da variante Delta (B.1.617.2) do coronavírus no Rio Grande do Sul. Esta variante foi primeiramente detectada na Índia e teve os dois primeiros casos no Estado registrados na última segunda-feira (19/7), no município de Gramado.
O conceito de transmissão comunitária ou local é definido quando o contágio entre pessoas ocorre no mesmo território, sem histórico de viagem ou sem que seja possível definir a origem da transmissão. Ou seja, não é possível identificar de quem se contraiu a covid-19.
De acordo com a diretora do Cevs, Cynthia Molina Bastos, a confirmação do primeiro caso de Gramado por sequenciamento genético completo pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, e o aumento de prováveis casos de contaminação por essa linhagem identificadas pelo Cevs indicam que há circulação comunitária. “A vacina protege contra essa variante, especialmente após a segunda dose no caso dos imunizantes que precisam de reforço, mas a vacinação não impede que que a pessoa se contamine e siga transmitindo o vírus. Por isso é preciso manter todos os cuidados de proteção contra a covid-19 independente de ter tomado a vacina, principalmente quem possui qualquer fator de risco para complicações da doença”, ressaltou a diretora.
Até o momento, foram confirmados três residentes do Estado com a variante Delta. Os dois primeiros de Gramado, que possuem vínculo e contraíram a covid-19 no município, e um em Nova Bassano, que contraiu a doença em viagem ao Rio de Janeiro. Além deles, o Estado registra outros 11 casos suspeitos: cinco com amostras em análise na Fiocruz (mais um de Gramado, também contactante do primeiro caso confirmado, dois de Sapucaia do Sul, um de Esteio e um de Canoas), e seis amostras que deverão ser enviadas ao laboratório carioca na próxima segunda-feira (29/7), de residentes de Alvorada, Passo Fundo, Esteio, São José dos Ausentes, mais um de Sapucaia do Sul e Santana do Livramento.
O Cevs realiza, pelo Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) e pelo Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CDCT), testes preliminares para a identificação desses casos suspeitos, incluindo sequenciamento parcial. As análises determinam se a amostra é uma provável variante de preocupação a partir da identificação de mutações específicas que são diferentes entre os tipos de vírus. Ao serem enviadas para a Fiocruz, as amostras passam por um sequenciamento genômico completo, que fornece detalhes do perfil de mutações e classifica com precisão a linhagem de cada amostra.
“A pandemia não acabou, mas falta pouco. Não vamos permitir que comece tudo novamente”, pediu a diretora Cynthia.
O que já sabemos sobre a Delta
A Delta é uma das chamadas “variantes de preocupação” (VOC, variants of concern na sigla em inglês), pois são variações que trazem alguma mudança no comportamento do vírus. A característica mais marcante da Delta, já comprovada cientificamente, é a maior transmissibilidade.
Quanto a gravidade, ainda não há evidências de que a Delta provoque uma doença mais ou menos agressiva em relação às outras linhagens.
Acompanhe as informações sobre o registro de variantes do coronavírus no painel de vigilância genômica da Secretaria da Saúde (SES).
Leia o comunicado do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) na íntegra.
Casos Delta RS:
1 – GRAMADO (confirmado por sequenciamento genético completo pela Fiocruz);
2 – GRAMADO (confirmado por sequenciamento genético parcial pelo Cevs e vínculo epidemiológico);
3 – NOVA BASSANO (confirmado por sequenciamento genético completo pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro);
4 – GRAMADO (suspeita epidemiológica, aguardando retorno da Fiocruz);
5 – SAPUCAIA DO SUL (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, aguardando retorno da Fiocruz);
6 – SAPUCAIA DO SUL (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, aguardando retorno da Fiocruz);
7 – ESTEIO (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, aguardando retorno da Fiocruz);
8 – CANOAS (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, aguardando retorno da Fiocruz);
9 – ALVORADA (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz);
10 – PASSO FUNDO (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz);
11 – ESTEIO (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz);
12 – SÃO JOSÉ DOS AUSENTES (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz);
13 – SAPUCAIA DO SUL (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz);
14 – SANTANA DO LIVRAMENTO (suspeita por sequenciamento genético parcial pelo Cevs, será enviada amostra para Fiocruz).