Servidores da Secretaria da Saúde recebem medalhas pelo trabalho na pandemia

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Entre as mais de mil amostras para análise do coronavírus que chegam todos os dias ao Laboratório Central do Estado (Lacen/RS), uma entrega na última sexta-feira (6/11) chamou atenção: cartas de agradecimento ao trabalho prestado e, em cada uma delas, uma medalha no formato de uma mão aberta. O ato faz parte de um projeto chamado Hand Medal, que envolveu até agora mais de 3 mil joalheiros e artesãos de 66 países. A iniciativa já distribuiu este ano mais de 70 mil peças a profissionais de todo o mundo.

A carta recebida trazia a seguinte mensagem: “O trabalho que vocês realizaram está acima de qualquer coisa que poderíamos fazer. Vocês arriscaram suas vidas trabalhando horas a fio e deixando de estar com as famílias. Ofereceram suas mãos para curar os mais necessitados”.

O texto é assinado pelas duas artistas organizadoras do projeto, a norte-americana Iris Eichenberg e a argentina Jimena Ríos. “Sabemos que os seus dias são longos e que estão muito cansados, mas esperamos que encontrem um momento para juntos receberem essa medalha. O trabalho de nossas mãos honra o trabalho das suas”, complementa a carta.

O contato inicial com a Secretaria da Saúde (SES) foi feito com Anelise Schaurich, chefe do Centro de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CDCT), ligado ao Lacen. “Apesar de materialmente serem 26 medalhas que nos enviaram, esse reconhecimento é algo que estamos dividindo com todos os colegas do Cevs [Centro Estadual de Vigilância em Saúde], que são dezenas de pessoas”, comentou Anelise, citando as demais áreas envolvidas com a pandemia além do Lacen, como o Centro de Operação de Emergência, o Disque Vigilância e a Vigilância Epidemiológica.

Reconhecimento e demonstração

A bióloga e responsável pelos resultados de vírus respiratórios do Lacen, Tatiana Schaffer Gregianini, fala da comoção em receber esse gesto. “É um afago vindo de pessoas de fora do nosso meio que, mais do que reconhecer o que fazemos, tiveram essa sensibilidade de como demonstrar isso”, disse. “Nos sentimos valorizados e tocados por esse gesto, pois o que estamos fazendo é pelas pessoas, esse é o nosso compromisso, mesmo que para isso tivéssemos que abrir mão de estar com nossas famílias.”

A chefe da seção de virologia do Lacen, Zenaida Marion Nunes, aponta que o trabalho no local, principalmente neste ano, esteve sujeito a julgamentos e pressões externas. “Por mais máquinas e equipamentos que temos, nada dispensa o olhar humano. São pessoas com emoções que estão ali todos os dias na linha de frente”, relatou, destacando a importância do projeto para os servidores

Desde março, mais de 76 mil amostras já foram analisadas pelo Lacen, trabalho feito sete dias por semana.

Hand Medal

O projeto Hand Medal prevê que joalheiros e artistas façam medalhas que honrem o serviço e o sacrifício dos profissionais de saúde. Foi organizada uma rede com cerca de 150 pessoas que arrecadam as medalhas de indivíduos em mais de 66 países, uma lista em constante crescimento.

No Brasil, uma dessas pessoas responsáveis é a artista Márcia Cirne Lima. “O que é muito bonito nesse projeto é ter partido de duas artistas joalheiras a ideia, sem instituições ou verbas por trás”, salienta. “Um chamamento que se espalhou pelo mundo formando uma rede onde o que cada um dá é seu trabalho, seu tempo e o material que dispõe. De duas, viraram 150, que viraram mais de 3 mil joalheiros e que viraram mais de 70 mil de pessoas que receberam medalhas”, explica Márcia. “Só para agradecer a quem vem se arriscando por todos nós na luta contra o coronavírus.” No país, segundo Márcia, foram produzidas aproximadamente 2,1 mil medalhas, das quais até o momento 200 já foram enviadas para o Rio Grande do Sul.

Cada medalha é registrada por meio de um número estampado no verso, para que quem a receba possa conhecer seu autor no site do projeto (handmedalproject.com), onde um texto diz que “Nossa batalha é contra um inimigo invisível, um perigo que não podemos ver. Em contraste, o metal, especialmente em joias, é conhecido por seu peso e forma contra o corpo. Quando o metal se transforma, fica um testemunho físico não só do vírus que não se vê, mas também da bravura invisível de quem lutou contra ele”.

O site também explicam o desenho escolhido para a medalha: “As mãos tinham uma presença poderosa na batalha. Elas são símbolos, armas para o nosso corpo, armas para serem lavadas, esterilizadas e enluvadas, mas também portadoras do poder inato de curar e conectar”.

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